segunda-feira, 12 de abril de 2010

Observando as pessoas e as relações

Saí pra procurar emprego (Aleluia!) e claro que não fiz só isso, uma oportunidade a mais pra fazer o que faço melhor: observar.
Peguei o busão (fazia tempo que não entrava em um) e fui assaltada. R$2,50 a viagem, isso é um roubo! Lembro quando eu era criança e nas raras ocasiões em que tínhamos dinheiro pagavámos R$1,00 por pessoa e com o direito de ser divertido. Olhei de soslaio pros passageiros do bus. Algumas moças supermaquiadas, de óculos escuros com o olhar fixo em um ponto qualquer, poderia até pensar "nossa, que metidas!", mas a maioria ali estava assim. Às vezes o silêncio era imterrompido por um "oi, tudo bem!" das pessoas que já se conheciam, mas logo se calavam e só se ouvia o ronco do motor da Mercedes Benz.


Fora da frieza matinal do bus vi duas moças conversando no banco da praça, riam e conversavam e aí riam de novo. Cortei o ânimo delas ao sentar-me no banco ao lado procurando o endereço do meu destino... Com uma igrejona na minha frente não resisti e fui até lá. Linda, parecia um palácio! Acho que uma das mais antigas por aqui (muitas palavras nas paredes eram em latim), não acreditei que só tinha ido lá uma vez. Haviam seis pessoas, sendo que uma era o selador e seriam sete se contasse comigo, cada uma rezando bem longe da outra. Um deles veio rezar bem pertinho de mim, no banco de trás, mas me senti incomodada ouvindo a reza do tio, então levantei e fui em direção ao sacrário. Rezei.

como uma criança

Arte e espiritualidade a parte era hora de bater nas portas e deixar meu curriculum vitae. O que não me impediria de continuar observando. Nunca vi tanta pracinha num só dia, no banco de uma delas havia um senhor com um buquê de rosas esperando alguém, quase fiquei ali pra ver sua pretende receber o presente. "Professor Girafales!" "Dona Florinda!"...


Na volta peguei o bus de novo e o ar era diferente, me senti metralhada pelos olhares dos passageiros parecia que todo mundo queria vir me falar. Mas ninguém veio, só olharam. Desci na biblioteca pra conferir o jornal do dia e encontrei lá um garoto que era meu vizinho, mas que conheci só quando fiz estágio na escola que ele estudava. Ele me olhou, achei que ele não fosse me cumprimentar, depois olhou de novo como quem confere e disse "oi". Quando saí, já lá adiante ele, me gritou lá atrás "Tchau, Mi!" com o mesmo apego e aprezo com que me tratava quando estávamos na escola. Fofo demais! É bom saber que somos inesquecíveis ao menos pra alguém.
As relações são assim, certas vezes temos medo de iniciá-las achando que nos fará algum mal quanto as relações que já temos ou que será trabalhoso demais relacionar-se com mais alguém. Mas no instante em que nos arriscamos e nos damos a esse luxo de alguma forma nos tornamos perfeitos, não eu, mas juntos e só juntos nos tornamos perfeitos e tudo que queremos é viver essa relação por quanto tempo pudermos.

*Quanto ao emprego no mesmo recebi um telefonema marcando uma entrevista. Seja o que Deus quiser!

Um comentário:

  1. Tudo muito bom, tudo muito bem .... ótimo passeio ... mas e ai? Conseguiu o emprego?

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