quinta-feira, 29 de abril de 2010

Por que o sustentável não é o óbvio?


Com essa polêmica da hidrelétrica Belo Monte várias questões surgiram, principalmente sobre as variações de produção de energia (elétrica, eólica, maremotriz, térmica, solar, interna, nuclear). Uma que eu desconhecia é que lixo orgânico também pode gerar energia (não me ensinaram essa na escola).

O processo de geração de energia por tratamento térmico do lixo compreende duas fases: na primeira etapa, o lixo é separado, já que apenas matéria orgânica e resíduos não-recicláveis (papel e plástico que tiveram contato com matéria orgânica) são encaminhados para incineração. Esses materiais são, então, fragmentados e triturados num moinho, dando forma ao Combustível Derivado dos Resíduos (CDR). Na segunda etapa, o CDR é incinerado a uma temperatura de cerca de 1000 ºC e os gases quentes são aspirados para uma caldeira de recuperação, onde é produzido o vapor que aciona o turbogerador (com potência efetiva de 0,6 MW, por tonelada de lixo tratado). Os gases extraídos da caldeira são neutralizados por um processo de filtragem, com rotores que giram a 900 rpm e lavagem com água alcalina. Os gases limpos são, então, lançados na atmosfera. Já os resíduos inertes são arrastados para um decantador e podem ser aproveitados na produção de material de construção. "Com 150 toneladas de lixo por dia, é possível fabricar pisos e tijolos para 28 casas populares de 50m2 por mês", informa Saraiva.

Não seria perfeito? Livraríamos o solo dos aterros sanitários do nosso lixo de forma sustentável. E por que é tão díficil pro governo investir em iniciativas como essa? Ego político. Com as eleições por perto há que se correr em investimentos que sejam grandiosos, rápidos e baratos. O que me lembra a expressão "o barato sai caro"!

O Lula se mostrou vendido à burguesia capitalista ao declarar que construíria a usina nem fosse sozinho, ignorando a opinião pública, dos residentes da área a ser alagada, das experiências anteriores que demonstraram impactos sociais e ambientais desastrosos e a própria pesquisa de campo super mal feita da área para viabilizar a construção da usina, sem contar as dívidas que nós mesmos financiamos para que empresas privadas lucrem com a energia adiquirida.

Desde a faculdade aprendi que um país cresce de verdade quando o governo passa a investir em pesquisa. Sendo o Brasil um país tão privilegiado em fontes de geração de energia, não parece óbvio que o Governo deveria investir em projetos sustentáveis de geração de energia. Num primeiro momento poderia não ser financeiramente rentável, porém os impactos sociais e ambientais seriam evitados, tornando o país de certa forma mais igualitário e propenso ao desenvolvimento. Tais iniciativas tão positivas serviriam de modelo mundialmente. Quem sabe não conquistaríamos ao nosso planeta mais alguns anos de vida!

Com toda essa discussão a cerca da questão concluí que o Governo sempre se vende no fim na tentativa cega de perpetuar seu poder. A democracia é viável apenas quando se precisa ser ouvido, não é mesmo Sr. Presidente? Progresso a qualquer custo, mesmo que custe nossas vidas. No caso, talvez o impacto nem chegue às nossas casas num primeiro momento, sobretudo os sociais que ali mesmo permanecerão marginalizados, mas os ambientais cedo ou tarde chegarão e o Governo tentará maquiar Neverland em cima da represa para que não nos revoltemos contra ele e alienados assim continuemos.

Leia mais: http://www.socioambiental.org/esp/bm/index.asp

Leia mais: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/conteudo_280524.shtml

Um comentário:

  1. Nossa amiga!!! Que texto primoroso! Adorei a sua abordagem e conclusão! Muito apropriada para a ocasião, pertinente, atual, enfim, TUDO DE BOM MESMO!!!!
    Grande beijo, cheio de admiração, hein?

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